Lesões e Doenças

Dr. Thiago Bernardo

Instabilidade ou Luxação Recidivante

O que é?

A instabilidade ou luxação recidivante refere-se à tendência de uma articulação sair de seu lugar (luxar) repetidamente. Essa condição é mais comum no ombro devido à sua ampla amplitude de movimento e à estrutura anatômica que favorece a mobilidade em detrimento da estabilidade.

Quais os principais sintomas experienciados?

  • Luxações frequentes: A articulação se desloca facilmente, mesmo com movimentos menores.
  • Dor intensa: Especialmente durante ou imediatamente após a luxação.
  • Sensação de frouxidão: A pessoa pode sentir que a articulação está solta ou instável.
  • Inchaço e hematomas: Podem ocorrer após episódios de luxação.
  • Fraqueza e redução da mobilidade: A articulação pode se sentir fraca ou ter uma amplitude de movimento reduzida.

Qual é a causa da Instabilidade?

Pode ter diferentes origens:

  1. Lesão traumática: Uma luxação inicial causada por um acidente, queda ou impacto esportivo pode danificar os ligamentos e cápsula articular, tornando a articulação mais propensa a luxações futuras.
  2. Instabilidade multidirecional: Ocorre sem um evento traumático específico e geralmente está associada a uma frouxidão ligamentar generalizada, possivelmente de origem genética.
  3. Lesão de Bankart: Lesão na borda da glenoide e no lábio glenoidal, comum após a primeira luxação traumática, que contribui para instabilidade crônica.
  4. Deficiência muscular: Desequilíbrios ou fraquezas nos músculos que suportam a articulação podem aumentar a chance de luxações.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico é realizado por um médico especialista, geralmente um ortopedista, e inclui:

  • Histórico médico detalhado: Para avaliar a frequência e a gravidade das luxações.
  • Exame físico: O médico verifica a estabilidade da articulação e avalia a amplitude de movimento.
  • Exames de imagem: Raios-X podem mostrar fraturas associadas, enquanto a ressonância magnética e a tomografia computadorizada podem identificar lesões nos tecidos moles, como o lábio glenoidal e ligamentos.

Já o tratamento pode variar de acordo com a gravidade e a frequência das luxações:

  1. Conservador (não cirúrgico):
    • Reabilitação física: Fisioterapia para fortalecer os músculos que estabilizam a articulação, melhorar o controle motor e aumentar a resistência.
    • Modificação de atividades: Evitar movimentos ou esportes que possam desencadear luxações.
  2. Cirúrgico:
    • Reparo artroscópico: Uma abordagem minimamente invasiva para corrigir lesões do lábio glenoidal ou outros tecidos.
    • Cirurgia de Bankart: Para reparar a lesão do lábio glenoidal associada a luxações anteriores.
    • Procedimentos de estabilização óssea: Como a cirurgia de Latarjet, para aumentar a estabilidade em casos de perda óssea significativa na glenoide.

Como prevenir?

  • Fortalecimento muscular: Manter um programa regular de exercícios que trabalhem os músculos que dão suporte à articulação.
  • Técnica adequada: Usar a técnica correta em atividades físicas e esportivas para minimizar o risco de lesões.
  • Aquecimento antes da atividade física: Aquece os músculos e melhora a flexibilidade das articulações.
  • Evitar sobrecargas excessivas: Proteger a articulação contra movimentos e esforços que possam forçar demais sua amplitude de movimento.

Prevenir a instabilidade e a luxação recidivante envolve manter a musculatura em torno da articulação forte e treinada, além de ter cuidado com atividades que possam potencialmente desencadear luxações.